Faz hoje quase um ano que apanhei o avião para uma das maiores aventuras que tive e alguma vez terei na minha vida. Foi uma viagem longa com várias escalas e muito cansativa. Lembro-me de, durante a viagem, perguntar a mim mesma, constantemente, o que estava a fazer naquele avião, sozinha, e como é que ia ser viver um ano num país diferente com pessoas diferentes, tudo diferente.
Fui para os Estados Unidos, para o estado de Colorado e para a cidade de Colorado Springs. Posso dizer-vos que esse pensamento que tive enquanto estava no avião passou no momento em que conheci a minha família de acolhimento. Dizem muitas vezes que o início da experiência é espetacular e só depois começas a sentir a “ponta do iceberg”.
Contudo comigo foi diferente. A primeira semana foi difícil porque ainda não estava em mim e não sabia como é que iam ser as coisas todas e como é que me ia desenvencilhar nesta experiência. Depois da primeira semana foi tudo muito mais simples. Comecei a ser da família, uma irmã mais velha para 4 pirralhos (3 irmãos e 1 irmã com idades compreendidas entre 1 ano e 9 anos). Não foi tarefa fácil, mas se fosse também não tinha sido a mesma coisa. Posso dizer que para além de pirralhos foram essas 4 pessoas que mais vezes me puseram a rir enquanto estive fora. Outra particularidade da minha família foi que tanto o meu pai de acolhimento (Thomas) como a minha mãe de acolhimento (Eliza) eram militares.
Durante os 10 meses que passei nos Estados Unidos da América vivi muitas coisas, experienciei muitas outras e conheci pessoas espetaculares com mentalidades diferentes e maneiras de viver também diferentes. Tive a oportunidade de ir a Seattle com a minha liason e mais outra estudante da Dinamarca e de ir com um dos meus irmãos de acolhimento (Cameron, 9) visitar Detroit e Chicago que era onde o meu avô de acolhimento vivia.
Mais tarde, no Verão depois do Thomas ter ido para uma missão no Afeganistão fomos à Califórnia numa famosa road trip porque as crianças estavam a ter um momento difícil com a ida do pai. Por isso a Eliza (mãe) decidiu fazer esta viagem tanto para ver se eles desanuviavam como para me mostrar outro estado espetacular que é a Califórnia. Isto para dizer que consegui conhecer uma parte importante do meu país de acolhimento mesmo sendo muito grande e essas experiências foram possíveis porque a minha família de acolhimento queria que eu tirasse o maior partido possível deste ano de intercâmbio.
Fiz este programa porque tanto o meu pai como as minhas duas tias já o tinham feito e o que constantemente ouvia das experiências deles fizeram com que também quisesse viver a minha. Acredito que uma das coisas que também tornou tudo mais fácil foi a Eliza também já ter feito um ano AFS (Espanha). Acredito que por ela já ter feito intercâmbio que percebia o quão difícil pode ser em certos momentos e o quão importante é ter o apoio da família de acolhimento.
Tive a oportunidade de ir ver um jogo da NBA, NHL e da seleção feminina de futebol dos EUA contra a China. Fui à Prom, joguei futebol na escola, fiz a graduação com os meus colegas de turma, fui fazer ski com os outros estudantes da AFS entre muitas outras coisas espetaculares que nunca teriam acontecido se não tivesse feito esta experiência. Se me pusesse aqui a descrever todas as atividades que fiz com eles este texto nunca mais acabava. Por isso posso simplesmente dizer que foi um ano formidável e quando me despedi deles para vir para Portugal só pensava em quando é que iria voltar.
E isso tornou-se numa realidade este Verão. A AFS-USA organizou um concurso em que a família de acolhimento colocava uma foto do estudante que tinham acolhido com um dos membros da família e uma pequena descrição. A partir daí a escolha do vencedor baseou-se no maior número de votos sendo o prémio uma viagem a Nova Iorque, Chicago, São Francisco ou Washington D.C. Graças à divulgação feita por mim e pela minha família ganhámos este concurso. Dia 23 de Julho voltarei a entrar no avião rumo a Nova Iorque onde me vou encontrar com a minha família de acolhimento e lá ficaremos 5 dias e depois voltamos para Colorado para outros 10 dias. Melhor era impossível! O que posso ter a certeza deste reencontro é que vou aproveitar ao máximo!
Catarina Bajanca; estudante AFS 2013/2014, EUA