Depois de ter passado pela experiência de ter tido, em dois anos consecutivos, dois filhos a estudar um ano nos Estados Unidos, sentia que tinha o dever social de retribuir a outro jovem deste mundo, a possibilidade de ter essa experiência única, que é viver um ano fora do seu país.

E assim, com a ajuda da AFS, apareceu a Manca da Eslovénia na nossa vida e, numa casa de 3 irmãos rapazes, ela era o elemento feminino que faltava para equilibrar a balança de géneros!

A Manca, de inicio era muito reservada mas depois de algum tempo, ganhou confiança e passou a conversar bastante sobre o seu dia a dia. Na escola, a sua integração foi muito fácil e rapidamente fez muitos amigos (que partilhou connosco e que também passaram a ser visitas da casa) com quem sai frequentemente para sair, ir a festas, ir às compras, etc.

A Manca aprendeu a surfar, que era um dos seus maiores desejos, e como vivemos na Ericeira, numa terra de surf por excelência, foi muito fácil concretizar esse desejo.

A Manca é muito curiosa, gosta de passear, de viajar, de conhecer coisas novas, de cozinhar, de experimentar receitas portuguesas e foi um prazer, passear em família e ir visitando vários lugares do nosso país e ter alguém com quem partilhar a cozinha, nas experiências culinárias, quer as boas que nos deliciamos depois, quer as más, como a tentativa frustrada de fazer pastéis de nata, que nos rimos imenso…

Como os meus filhos mais velhos já estudam longe de casa, e só estão cá às vezes, a Manca tornou-se a companhia de brincadeiras do meu filho mais novo de 8 anos e é muito engraçado assistir à evolução da relação entre eles, muito tímida no inicio e depois, cada vez mais aberta e envolvidos em brincadeiras e cumplicidades de irmãos!

A Manca fez os 18 anos cá em Portugal e comemorou com vários dos seus amigos portugueses e alguns amigos de intercâmbio da AFS, que andam na mesma escola, numa festa cá em casa que começou ao jantar, prolongou-se à noite pela vila da Ericeira e só terminou no dia seguinte ao meio-dia, com várias amigas a dormir cá em casa, tal e qual como as festas que os meus filhos mais velhos faziam na idade dela.

No meu caso particular, como mãe, adorei ter tido a possibilidade de ter tido uma filha (depois de 3 filhos rapazes), de irmos às lojas de roupa juntas, e ter alguém com quem partilhar opiniões e que me ajude a escolher qual o melhor vestido! Algo muito simples mas que, no meu caso, foi único e muito bom!

A Manca entrou nas nossas vidas e hoje faz parte da nossa família e sei que fará sempre, sei que terá de regressar, mas também sei que vai voltar várias vezes e nós iremos à Eslovénia, quando a saudade apertar! Será sempre a nossa menina…

Está a ser uma experiência magnífica e muito enriquecedora que aconselho vivamente a todas as famílias a ter!

Filomena
Família de Acolhimento de uma estudante AFS da Eslovénia
2018, Ericeira