“(…)Considero-me sortuda por ter vivido esta experiência em uma família como a vossa, que sempre me tratou como uma filha desde o primeiro dia, e que nunca me fez faltar nada.
Eu tive a oportunidade de ficar numa casa com 7 pessoas (quase sempre) e sentir o calor como se estivesse em uma família mais pequena, onde todos podem rir e brincar e têm espaço para falar, onde ninguém tem medo de dizer o que acha porque a sinceridade e serenidade são a base de tudo.
Calhou-me uma casa acolhedora em frente ao oceano, uma pequena vila que dia após dia encheu-me cada vez mais o coração, o simples facto de olhar para fora da varanda e ver o mar sempre maravilhoso, faça chuva ou faça sol, foi um sonho para mim, algo que me deu paz, algo de que nunca me cansava, aquela vila onde todos se conhecem e se ajudam mutuamente.
Aprendi muito com vocês, como o valor da família, a solidariedade, a constante vontade de rir, e aprendi muitas coisas da vossa cultura que agora consigo sentir minha também.
É incrível como uma pessoa vai morar com um grupo de estranhos e, depois de um pequeno período de tempo, consegue-se sentir em casa, como se tivesse crescido lá.
Calhou-me uma família meiga e generosa, sempre pronta para me ajudar.
Desde que eu mudei de família é que comecei a viver o meu ano serenamente, comecei a ver o mundo com novos olhos, tinha mais liberdade que me permitiu ter muitos amigos e sair muitas vezes na Ericeira e em Lisboa.
Cresci de muitos pontos de vista, superei dificuldades que pareciam impossíveis, comecei uma nova escola e, graças à vossa ajuda, tudo ficou mais simples
Depois de passar 17 anos no próprio país de origem, não é tão simples de se acostumar com um estilo de vida diferente, e viver com outras pessoas, mas eu não encontrei pessoas, eu encontrei uma FAMÍLIA.
Pela primeira vez na minha vida, tive um irmão mais novo com quem sempre comia Oreo, chocolate e pipocas, encontrei um pai guloso, brincalhão e sempre com uma piada pronta, uma mãe determinada e que realiza os objetivos dela, uma tia meiga divertida e atenciosa, um tio gentil e sempre disponível, uma avó forte e que sabe cozinhar perfeitamente.
(Naturalmente, os pais do Ruben também sempre me trataram como uma sobrinha, lembrando-me da relação que tive com meus avós, ainda sinto a falta deles e pagava para tê-los de volta, então eu sugiro ao Pedro que apreciá-los e amá-los para sempre, porque os avós são únicos e eles nunca vais esquecê-los)
Obrigada por todos os momentos que passámos juntos, as risadas, as saídas, os filmes e os jantares, porque como já escreveste, tudo era simples e natural, parecia que nos conhecíamos faz muito tempo.
Vocês sempre vão ficar no meu coração, tenho saudades vossas e mal posso esperar para vos ver na Itália ou em Portugal!
Estudante Italiana em Família de Acolhimento na Ericeira
2017/18, Ericeira